CURIOSIDADES:
Pequi (Caryocar Brasiliense Camb.): informações
preliminares sobre um pequi sem espinhos no caroço:
É relatado o achado de uma planta de pequi (Caryocar brasiliense
Cambi) no Norte de Mato Grosso, sem espinhos no caroço.
Em Minas, São
Paulo, norte do Paraná, Goiás, Mato Grosso, Tocantins, sull da Bahia, sul do
Pará, sul do Maranhão, em todas as regiões de Cerrado, a espécie comum é a
Caryocar brasiliense Camb. Os pequis florescem, na Amazônia, de agosto a
dezembro e frutificam de novembro a março. Observamos que um conjunto de
plantas do cerrado de Uberlândia floriu de 2 de abril de 2005 até 6 de maio de
2006.
Em todos os
cerrados por que passamos, em época da floração, é comum que caçadores venham
das 4 às 6 horas da manhã vigiar os pequizeiros em flor que as derrubam às
centenas e atraem veados, pacas, cotias, porcos-espinho, capivaras, que têm
especial predileção por elas. Isso é confirmado por Almeida et al. (1994). A
produção é muito variável. A planta que produz pequi sem espinho no caroço que
encontramos, produziu ao redor de 500 frutos em 2004 e apenas 30 em 2005.
Gribel (1986) constatou que 3% dos ovários de C. brasiliense se desenvolveram,
mas apenas 1% chegou até semente. Morcegos
são os grandes polinizadores. O mesmo autor informou que a dispersão dos
frutos é realizada por gambás (Didelphis albiventris) e por uma gralha
(Cyanocorax cristatelus).
O pequizeiro também é considerado árvore ornamental devido ao
seu porte e à beleza das flores, que atraem beija-flores e diversas espécies de
abelhas durante o dia. Todavia seus principais polinizadores são os morcegos e
mariposas noturnas. As folhas do pequi são usadas em Minas e Goiás na
alimentação do gado bovino, caprino, ovino e, em alguns lugares, das galinhas.
Collevatti et al. (2003) estudaram 10 populações de Caryocar
brasiliense e concluíram que múltiplas linhagens foram necessárias para dar
origem às populações hoje existentes no Cerrado brasileiro. Melo Júnior et al.
(2004), em um estudo em 4 lugares, Japonvar, Montes Claros, Francisco Sá e
Bocaiúva, que compreendeu 240 plantas, concluíram: a) que houve um fluxo gênico
muito grande, que atribuiu à polinização
ser feita especialmente por morcegos que voam a longas distâncias.
DESCOBERTA PARA A CIÊNCIA DO PEQUI SEM ESPINHOS NO
CAROÇO.
No começo de outubro de 2004, um dos autores, Warwick
Estevam Kerr, conversando sobre melhoramento de plantas com o Sr. Hélio do
Carmo da Conceição (fazendeiro, Prefeito de São José do Xingu), que estava em
Uberlândia tratando-se de câncer, informou-o de que, no norte do Tocantins,
havia um fruticultor, Sr. Bdijai Tchucarramae, que possuía uma plantação com
mais de 300 plantas de pequi, sendo que uma dessas plantas apresentava frutos
sem espinhos no caroço (Figuras 1 e 2). Imediatamente, mediante suas indicações, organizamos
uma mini-expedição para aquela região chefiada por outro dos autores, o Técnico
Agrícola Francisco Raimundo da Silva. Conseguimos fundos do CNPq, condução da
UFU, e no dia 07-11-04, na Caminhonete Mitsubshi da UFU e, dois motoristas
saíram em direção a São José do Xingu com a finalidade de coletar sementes do
pequizeiro em pauta. Lá chegando, o Técnico Francisco Raimundo da Silva
tornou-se amigo do Sr. Bdijai Tchucarramae e conseguiu adquirir 9 sementes, e
trazer alguns galhos. Das 9 sementes 7 germinaram. No mês de dezembro de 2005,
uma nossa segunda expedição deslocou-se novamente até São José do Xingu e,
dessa vez, o Técnico Francisco Raimundo da Silva conseguiu trazer 3 sementes e
15 galhos para tentar pagamento por estaquia. Como o pagamento foi zero,
conseguimos fundos para enviar o Técnico Francisco Raimundo da Silva a Goiânia,
por 6 dias, a fim de especializar-se na enxertia de pequizeiro. Fez 6 enxertos,
dos quais 4 pegaram. Assim, o fato de se ter encontrado uma planta que produz
frutos com caroços sem espinhos e uma boa técnica de propagação, tornou-se uma
esperança para, dentro de 4 a 8 anos, termos boa distribuição de mudas de pequi
sem espinho no caroço. Também essa mutação tem todas as características para
transformar o pequi numa fruta de mercado, tanto para as populações pobres como
para mercados regulares de frutas nacionais e estrangeiras. Isso não somente
melhorará o pequi para maior consumo, como também se poderá indicá-lo para
plantio em pomares caseiros, aproveitando a alta apreciação que já possui.
Todas as vezes que informamos que estamos trabalhando com "pequi sem
espinho no caroço", obtemos imediata atenção e procura por sementes e
mudas desse mutante. Todos que experimentaram os caroços carnudos, acharam-nos
um pouco mais doces que os comuns e muito melhores devido à falta de espinhos.
Revista Brasileira de
Fruticultura
Print version ISSN 0100-2945
Rev. Bras.
Frutic. vol.29 no.1 Jaboticabal Apr. 2007
COMUNICAÇÃO CIENTÍFICA GENÉTICA
E MELHORAMENTO DE PLANTAS
Grupo:
Bárbara Matos
Gustavo Dessotti
Flaviana Martins
Mariana Baptista
Viviane Goulart
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